A compra do bilhete é feita nas guesthouses, agências de viagens ou directamente no autocarro e mesmo comprado directamente no autocarro, nós com estas caras de ocidentais pagamos sempre 2 ou 3 vezes mais do que os locais. Depende sempre da disposição do motorista nesse dia e mesmo assim não te garante o lugar, pois eles vendem mais do que é suposto... mas não é um problema, eles têm daqueles banquinhos de plástico que se encaixam um no outro e colocam no meio para as pessoas se sentarem. Se tiveres sorte e ir num lugar normal, vais-te sentar mas não tens onde pôr os pés porque debaixo dos bancos estão pneus novos para serem vendidos numa outra cidade a um preço superior.
Queres falar de empreendedorismo? O condutor (CEO) tem lá a mulher (COO) com o bebé ao colo a controlar os bilhetes no início da viagem, mas espera... ainda tens o filho mais novo ou o irmão/cunhado (PMO) que vai distribuir os que vão chegando durante o caminho pelos lugares que sobram... acabou? Não, ainda tens a mulher do amigo/irmã (CFO) que faz a cobrança dos novos passageiros. Por norma é assim por cá.
Quando finalmente o autocarro arranca e pensas "ufffaaa é desta", passados 20 min vem a primeira paragem para entrar um senhor que vende baguettes e fruta para quem já tiver fome (pudera tiveste 2h à espera para ele arrancar!). Depois das vendas, nova paragem quase de seguida, pois alguém que está no meio da rua fez sinal para entrar. Depois faz um desvio por ruas pequenas para receber uma encomenda de alguém. Mais à frente para no meio da estrada e fica uma meia hora ou mais à espera da pessoa para vir receber a encomenda. O motorista anda sempre a apitar para ver se leva mais alguém pelo caminho. Muitas vezes nem está ninguém na rua e ele apita na mesma não vá alguém estar a dormir dentro de casa e lembrar-se de repente que talvez quer apanhar o autocarro.
Laos não tem autoestradas e a viagem é feita pelas estradas nacionais que nem sempre estão em bom estado e anda tudo aos trambolhões. Fizemos uma viagem de 500 km em mais de 13 horas e se pensam que foi uma viagem secante enganam-se. Há sempre alguma coisa a acontecer. Diria que de hora em hora o autocarro parava para entrarem umas senhoras que vendiam tudo que quisesses, frangos assados, arroz em saquinhos, ovos cozidos no espeto como se fossem espetadas, fruta, bolachas, etc.. Algumas nem se davam ao trabalho de entrar, o pessoal abria as janelas e vias a comida a voar pela janela dentro. Lindo! Entretenimento? O autocarro tinha uma tv onde passava os clássicos do Jackie Chan ou então Karaoke laosiano com o volume tão alto que estava com os phones no máximo quase a rebentar os tímpanos e mesmo assim ouvia a música do Karaoke. O senhor à nossa frente levava uma galinha viva que não se calava.
Passadas umas horas, fizemos uma pausa maior para o almoço e parámos num sítio que fazia de restaurante mas com preços exagerados que claramente fazia parte do acordo, pois no final vias os donos do restaurante a pagar a comissão ao motorista. E isso à frente de todos!
Pelo caminho, cruzamos-nos com o autocarro que tinha partido 2 horas antes do nosso que no entanto tinha avariado. Qual a solução? O nosso autocarro já estava cheio mas isso não impediu de colocar mais uns bancos de plástico e levar mais umas 15 pessoas :)
Finalmente chegámos! Completamente cansados, com um dia perdido mas felizes. Felizes porque vimos o que é realmente andar de transportes públicos no Laos.
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