segunda-feira, 28 de março de 2016

Transportes públicos no Laos


Viajar longas distâncias de transportes públicos no Laos é uma grande aventura e uma experiência de uma vida como já o referi. Sou da opinião que devia estar listado no "Top things to do in Laos" e estar situado logo no início da lista porque a viagem é surpreendente do início ao fim, aliás horas antes do início. Porquê? Imagina que tens no horário do BUS que está agendado sair às 8h e quando olhas para o relógio já são 10h e o autocarro ainda está parado, não estranhes, o conceito e tempo do motorista é diferente do teu. 

A compra do bilhete é feita nas guesthouses, agências de viagens ou directamente no autocarro e mesmo comprado directamente no autocarro, nós com estas caras de ocidentais pagamos sempre 2 ou 3 vezes mais do que os locais. Depende sempre da disposição do motorista nesse dia e mesmo assim não te garante o lugar, pois eles vendem mais do que é suposto... mas não é um problema, eles têm daqueles banquinhos de plástico que se encaixam um no outro e colocam no meio para as pessoas se sentarem. Se tiveres sorte e ir num lugar normal, vais-te sentar mas não tens onde pôr os pés porque debaixo dos bancos estão pneus novos para serem vendidos numa outra cidade a um preço superior. 

Queres falar de empreendedorismo? O condutor (CEO) tem lá a mulher (COO) com o bebé ao colo a controlar os bilhetes no início da viagem, mas espera... ainda tens o filho mais novo ou o irmão/cunhado (PMO) que vai distribuir os que vão chegando durante o caminho pelos lugares que sobram... acabou? Não, ainda tens a mulher do amigo/irmã (CFO) que faz a cobrança dos novos passageiros. Por norma é assim por cá.

Quando finalmente o autocarro arranca e pensas "ufffaaa é desta", passados 20 min vem a primeira paragem para entrar um senhor que vende baguettes e fruta para quem já tiver fome (pudera tiveste 2h à espera para ele arrancar!). Depois das vendas, nova paragem quase de seguida, pois alguém que está no meio da rua fez sinal para entrar. Depois faz um desvio por ruas pequenas para receber uma encomenda de alguém. Mais à frente para no meio da estrada e fica uma meia hora ou mais à espera da pessoa para vir receber a encomenda. O motorista anda sempre a apitar para ver se leva mais alguém pelo caminho. Muitas vezes nem está ninguém na rua e ele apita na mesma não vá alguém estar a dormir dentro de casa e lembrar-se de repente que talvez quer apanhar o autocarro. 

Laos não tem autoestradas e a viagem é feita pelas estradas nacionais que nem sempre estão em bom estado e anda tudo aos trambolhões. Fizemos uma viagem de 500 km em mais de 13 horas e se pensam que foi uma viagem secante enganam-se. Há sempre alguma coisa a acontecer. Diria que de hora em hora o autocarro parava para entrarem umas senhoras que vendiam tudo que quisesses, frangos assados, arroz em saquinhos, ovos cozidos no espeto como se fossem espetadas, fruta, bolachas, etc.. Algumas nem se davam ao trabalho de entrar, o pessoal abria as janelas e vias a comida a voar pela janela dentro. Lindo! Entretenimento? O autocarro tinha uma tv onde passava os clássicos do Jackie Chan ou então Karaoke laosiano com o volume tão alto que estava com os phones no máximo quase a rebentar os tímpanos e mesmo assim ouvia a música do Karaoke. O senhor à nossa frente levava uma galinha viva que não se calava.

Passadas umas horas, fizemos uma pausa maior para o almoço e parámos num sítio que fazia de restaurante mas com preços exagerados que claramente fazia parte do acordo, pois no final vias os donos do restaurante a pagar a comissão ao motorista. E isso à frente de todos!

Pelo caminho, cruzamos-nos com o autocarro que tinha partido 2 horas antes do nosso que no entanto tinha avariado. Qual a solução? O nosso autocarro já estava cheio mas isso não impediu de colocar mais uns bancos de plástico e levar mais umas 15 pessoas :)

Finalmente chegámos! Completamente cansados, com um dia perdido mas felizes. Felizes porque vimos o que é realmente andar de transportes públicos no Laos.


quarta-feira, 23 de março de 2016

Si Phan Don, as 4000 ilhas paradisíacas do sul do Laos


A nossa ida para Si Phan Don, também chamadas as 4000 ilhas, no sul do Laos foi a mais atribulada até agora. Não só porque andar de transportes públicos no Laos por si só é uma grande aventura e uma experiência de uma vida, mas também porque a nossa viagem de 500 km durou mais de 13 horas! Mais de 13 horas num autocarro local, no meio das vendedoras ambulantes de frango assado e ovos no espeto em estradas nacionais que muitas vezes eram de terra batida. Ao final dessas longas 13 horas, já de noite, chegámos não às ilhas que eram o nosso destino mas sim a Pakse, cidade que ainda fica a 150 km do nosso destino. Apanhámos um tuktuk até ao centro da cidade, que nos cobrou o dobro do que tínhamos combinado, e pernoitámos por lá. No dia seguinte, finalmente chegados às ilhas, escolhemos ficar na ilha Don Det, a mais procurada pela malta jovem especialmente pelos backpackers por ter preços mais acessíveis e por ficar separada da outra ilha Don Khon por uma ponte, podendo assim visitar as duas ilhas.





E o que se pode fazer nestas ilhas?! A ideia é mesmo não fazer nada, apenas relaxar numa esplanada em cima da água ou alugar uma bicicleta para percorrer a ilha e ver os locais no seu dia a dia. E foi o que nós fizemos. Alugámos uma bicicleta e fomos à ilha vizinha, Don Khon, onde visitámos duas cascatas e passeámos no meio dos campos e das florestas.






Em Don Det ficámos hospedados nos bengalows do Mr. Sai que geria juntamente com a sua esposa a guesthouse e o restaurante sobre água com uma vista inesquecível. Este casal acolheu-nos de forma calorosa, e não foi por termos pago muito pela estadia porque foi o sítio mais barato que encontrámos, foi porque no Laos a maioria das pessoas são genuinamente carinhosas com os outros, recebem-nos sempre de braços abertos e com um grande sorriso. O Senhor Sai sempre prestável ficava connosco à conversa a contar-nos sobre a sua vida, o seu negócio e o país. A sua esposa, óptima cozinheira (foi onde melhor comemos até agora) que usava legumes fresquinhos da própria horta na preparação de cada prato, mesmo não falando uma única palavra em inglês comunicava connosco por sinais e até nos ensinou cozinhar um prato que tanto adorámos. 



Na despedida, trouxeram-nos duas pulseiras feitas por eles e colocaram-nas nos nossos pulsos enquanto diziam uma reza budista para nos dar sorte. E essa sorte tinha-se realizado dias antes, quando decidimos ficar na casa deles. 

Foi pela hospitalidade das pessoas, pelas paisagens das ilhas, pelo ambiente relaxante e óptima comida que as 4000 ilhas ocuparam o 2 lugar dos sítios que mais gostámos no Laos. 


sábado, 19 de março de 2016

Konglor, já temos saudades


Konglor... Ohh Konglor!!! É com imensas saudades que recordamos este lugar maravilhoso, que tanta calma e paz nos transmitiu. Local ideal para se relaxar e apreciar a sua paisagem montanhosa, campos de tabaco, grutas e borboletas. Foi sem dúvida o lugar mais pitoresco que visitámos no Laos!


Não foi tarefa fácil lá chegar e demorou uma dia inteiro de viagem desde Vientiane. Partimos da capital logo cedo mas mesmo assim com uma hora de atraso (normalíssimo por estes lados) e supostamente teríamos que parar na cidade Nahin para depois no dia seguinte marcar com alguma agência de viagem um passeio à gruta Konglor. No entanto, sem nos darmos conta falhámos a aldeia de Nahin e só nos apercebemos disso quando chegámos à última paragem do autocarro. Não era Nahin mas sim uma aldeia chamada Konglor e até calhou bem porque situava-se a apenas 1 km da gruta e não era necessário marcar com nenhuma agência. Chegámos a Konglor já no final do dia e após vermos algumas guesthouses encontramos a Chantha House que foi dos melhores sítios onde ficámos até agora, confortável, limpo, pessoal muito simpático, belas vistas e super barata (6€ o quarto!). 


A aldeia situa-se num pequeno vale cheio de campos de tabaco e completamente cercado montanhas. Logo na primeira noite demos um pequeno passeio pela aldeia que tinha apenas uma dezena de casas sendo que a estrada principal era a única com iluminação. Mais uma vez, como foi sendo habito na nossa estadia no Laos, todas as pessoas que se cruzavam connosco saudavam-nos com um grande sorriso. Ficámos apaixonados por esse pequeno paraíso no meio do nada e decidimos ficar mais do que o previsto para relaxar. A aldeia era muito tranquila, as pessoas muito simpáticas, grandes paisagens à volta, meia dúzia de turistas, tudo muito genuíno e sem tuktuk ou night markets. Estávamos no paraíso e no verdadeiro Laos! 
   

Visitámos, claro, a gruta Konglor e ficámos completamente pasmados com a experiência. Sem dúvida umas das melhores experiências das nossas vidas. A visita consiste em alugar uma canoa que apenas dá para 2/3 pessoas para além do motorista e atravessar a montanha de um lado ao outro e depois voltar pelo mesmo caminho. A escuridão reina dentro da gruta e apenas consegue-se ver alguma coisa com a ajuda das lanternas. O passeio em si dura cerca de uma hora para ir com direito a uma paragem numa espécie de ilha no meio da gruta onde dá para ir a pé ver as estalactites e estalagmites que se formaram ao longo dos tempos. Havia partes que devido à pouca água no rio (estamos na época seca) tivemos que sair da canoa e ajudar o motorista carregar a canoa até ao sítio com mais água. Isto tudo no escuro e literalmente debaixo da montanha. A volta, já mais rápida, durou cerca de meia hora uma vez que não parámos na tal ilha. A experiência foi algo mais do que fenomenal, simplesmente amámos! O passeio, a gruta, a natureza, tudo à volta fascinou-nos. 





Decidimos fazer um trilho pela planície e perguntámos no nosso hotel onde encontrar um guia e quais eram os preços ao qual a resposta foi (ao contrário que que se pratica por cá) "podem fazer o trilho sozinhos, não precisam de guia, tirem apenas fotos ao mapa do trilho". Adoramos este povo! Assim fizemos e foi muito agradável. Passeámos no meio das montanhas, pelos campos de arroz, no meio dos búfalos asiáticos e das vacas, atravessámos o rio a pé porque não havia ponte e era o que os locais faziam, vimos locais nos seus afazeres do dia a dia e famílias a tomar banho no rio. 



Foi um passeio muito interessante sem dúvida, o que não foi difícil visto que já estávamos apaixonados por esta aldeia! Dito isto, podemos afirmar sem dúvida que nos rendemos-nos a Konglor e que este conquistou o primeiro lugar da nossa viagem no Laos! 

Esperemos voltar lá um dia...


segunda-feira, 14 de março de 2016

Vientiane, a capital do Laos


Vientiane a capital do Laos não nos reteve por muito tempo (apenas um dia e meio) mas do pouco que conseguimos ver, foi interessante e descobrimos que a cidade tem muito para oferecer, tais como museus, templos e parques para passear. No entanto, nós tínhamos no nosso plano como destino seguinte ver a gruta de Konglor (a cerca de 300 km de Vientiane) que nos deixou apaixonados pelas fotos que vimos no Google e estávamos ansiosos por lá ir, não vá a gruta fugir. 

A maioria das cidades do sudeste asiático que visitámos até agora são muito pequenas, ou pelo menos a parte turística da cidade dá para fazer perfeitamente a pé e Vientiane é uma delas. 

O rio Mekong, que passa junto a Vientiane serve de fronteira natural com a vizinha Tailândia, sendo possível observarmos assim a vizinhança ao saborear uma "beerlao" no calçadão ou na esplanada junto ao rio. É tão perto que o Mekong parece nos convidar a atravessar a fronteira a nado :) 




Passear pelas margens do rio à noite é muito agradável uma vez que o tempo está mais ameno e a circulação fica interdita na marginal, transformando-se assim num calçadão enorme e cheio de vida. Como seria de esperar essa zona da cidade enche-se de turistas e sobretudo de locais que vêm desfrutar do calçadão e ainda aproveitar para umas compras no Night Market. Existe uma frase que é típica destes países (quem cá esteve conhece perfeitamente) que é "Same, same ... but different" e Vientiane não é excepção, lá tem o seu Night Market. O Night Market mereceu a nossa visita no dia 14 de Fevereiro, dia dos namorados, e descobrimos que por cá a tradição é os casais vestirem-se de vermelho neste dia, passearem de mão dada ela com flores na mão e ele com um grande peluche. 

A cerca de 30km de Vientiane encontra-se o Buddha Park e aqui vai um grande conselho 
para quem pensa em visitá-lo. Todas as guesthouses ou hotéis disponibilizam transporte para visitar o parque a diferentes preços (desde 8€, a 12€). Nesse preço está apenas incluído o transporte de tuktuk até ao parque sendo que esperam por ti enquanto fazes a visita. Vimos nos blogues de viagem que havia um autocarro local que ia até ao parque e como a paragem não era longe da nossa guesthouse decidimos tentar. Mesmo na estação um senhor disse que nos levava lá numa van por 25€ (absurdo!!!). Apanhámos assim o autocarro local que partia a cada 10 min da estação, não era luxuoso mas também só pagámos 0,66€ cada um (ir e voltar deu 2,64€ pelos dois!). Muito mas muito inferior aos preços turísticos mas não seria Laos se não abusassem nos preços praticados aos turistas nos transportes (mas isso será descrito numa outra publicação pois temos muito para contar sobre os transportes no Laos). 



O Buddha Park, nome dado por causa do turismo pois na verdade chama-se Xieng Khuan, é um parque de esculturas religiosas com mais de 200 estátuas hindu e budistas e da para visitar muito bem numa hora, não é preciso mais. O parque é engraçado mas se tivesse pago os 25€ de transporte iria-me arrepender muito. O parque tem muitas estátuas do Buda espalhadas, uma cúpula em forma de abóbora com uma árvore em cima não sabendo bem o que significa essa abóbora na cultura budista e a maioria das estátuas (se não todas) são feitas em cimento e parecem bastante recentes. É um passeio bonito mas ficámos muito mais impressionados quando visitámos o Buda Éden em Portugal (e não estamos a fazer publicidade ao Comendador Berardo). 



A seguir demos um passeio pela cidade para visitar o Wat Sisaket, construído em 1818, o templo mais importante da cidade e conhecido pela coleção de mais de 2.000 de estátuas do Buda espalhadas pelo templo. 

Seguimos em direcção ao Patuxai que significa literalmente porta da vitória ou arco de triunfo. Este monumento foi construído em memória dos combatentes que lutaram contra a França pela independência do Laos. É um local bonito que serve de ponto de encontro, relaxar no parque mesmo em frente ou ver um lindo por do sol.  




Um par de km mais à frente encontrámos o majestoso Pha That Luang, o stupa budista totalmente coberto de ouro situado no centro da cidade. É o monumento mais importante do país e símbolo nacional que aparece em algumas notas. 




Assim foi o nosso passeio pala capital Laosiana.


quarta-feira, 2 de março de 2016

A paisagem deslumbrante de Vang Vieng


A meio caminho entre Luang Prabang e Vientianne, a capital do Laos, fica Vang Vieng, outrora considerada a Meca dos backpackers e sendo conhecida durante anos como a capital das festas no sudeste asiático.



Vang Vieng é uma cidade muito pequena e não tem mais do que meia dúzia de ruas, no entanto ficou conhecida pela actividade de tubing (que consiste em descer o rio numa boia, de preferência em coma alcoólico), pelos bares à beira rio sempre em festa, pelos drinking games e abusos de drogas vendidas diretamente nos menus dos restaurantes (com o nome de happy pizza, happy pancake, etc). Basicamente era a Amesterdão aqui do sítio (mas sem qualquer tipo de regras!).

Contudo, após a morte de vários turistas em 2011 devido ao álcool, drogas e afogamentos no rio, a comunidade internacional insurgiu-se e o governo viu-se obrigado a implementar certas medidas para "limpar" a imagem da cidade. Deste modo, "proibiu" as droga, limitou o número de bares de tubing, implementou standards de segurança e impôs limites quanto aos horários de funcionamento dos bares. 

Todas estas regras fizeram com que Vang Vieng limpasse um pouco a imagem que tinha sido construída nos anos anteriores e começasse a ser reconhecida novamente pelo motivo que a tornou famosa em primeiro lugar: a sua beleza natural.





Continua a ter imensas actividades outdoor como passeio de bicicleta, trekking, cayaking, nadar nas águas do rio Nam Song, escalada entre outras. Pode-se também alugar uma mota e passear pelas aldeias à volta ganhando assim uma experiência cultural muito enriquecedora.

Durante os dias que passámos em Vang Vieng achámos a cidade muito mais pacata do que se descrevia nos blogues de viagens (muitos já desactualizados). Havia poucos bares abertos à beira rio, vimos meia dúzia de pessoas na água a praticar o tubing calmamente e o tubing estava limitado até as 18h. 

Decidimos igualmente passear fora da cidade pelos campos de arroz para ver as grutas em redor e desfrutar das lindas paisagens montanhosas que tão bem caracterizam Vang Vieng. 

A primeira paragem foi na gruta Pha Poa e para tal foi necessário subir um pequeno monte. No topo fomos prendados com uma vista de cortar a respiração sobre o cenário montanhoso que nos rodeava. 





De seguida continuámos por uma floresta onde pudemos ver árvores de papaia, respirar um pouco de ar puro e refrescar à sombra da densa vegetação da floresta. No final do trajecto, encontra-se a gruta Lusi (muito grande) da qual desconfio que não chegámos a ver nem metade.





A nossa passagem por Vang Vieng ficou sem dúvida marcada pela beleza natural das suas paisagens, conquistando assim o 3º lugar do pódio dos sítios que mais gostámos no Laos.