A nossa estadia no sul do Vietname foi completamente diferente do que estávamos habituados nesta nossa viagem. Chegámos à cidade de Ho Chi Minh (HCM) e em vez do habitual ritual de irmos para a zona dos backpackers da cidade e procurar uma guesthouse barata muitas vezes em condições duvidosas, tínhamos a nossa espera o Ricardo (expat português que trabalha em HCM) e a sua linda esposa, a Lareina, natural das Filipinas país que vamos visitar em breve. A recepção não podia ter sido melhor. Deixaram-nos entrar na casa deles e invadir o seu espaço como se fossemos da família e partilharam connosco histórias sobre como é viver no Vietname e também sobre as Filipinas. Não os conhecíamos antes, ele é irmão do amigo do Tiago e sabendo da nossa aventura convidaram-nos para ficarmos em sua casa. Obviamente aceitámos e desde o primeiro momento sentimos-nos entre amigos. A casa toda ela lindíssima e numa óptima zona da cidade o que para nós, tudo era mais do que luxo tendo em conta ao que já estávamos habituados. Ficaremos gratos para sempre a este lindo casal ;)
Conhecemos também o casal amigo deles, a Hellen e o Eduardo, ambos brasileiros e muito simpáticos. Convidaram-nos para o almoço/jantar brasileiro em casa deles o que foi para além de delicioso, ainda continuo a sonhar com isso! Houve de tudo que uma boa mesa brasileira possa ter, feijoada, farofa, tapioca, pão de queijo (aiii o pão de queijo) e até paçoquita! Comemos até rebolar porque estava tudo muito saboroso. No meio de muitas conversas e risadas passamos um belo dia juntos.
A cidade de Ho Chi Minh é a antiga Saigon e muitas pessoas ainda a chamam de Saigon. Mudou o seu nome após a guerra americana (por nos conhecida como guerra do Vietname) quando o líder dos revolucionários comunistas (os Viet Cong), o Sr. Ho Chi Minh, ganhou a guerra tornando-se o primeiro presidente do Vietname. Como troféu por ter conquistado o sul que na maioria estavam contra ele, alterou o nome de Saigon para Cidade de Ho Chi Minh.
(estátua do Ho Chi Minh)
Ao contrário do que vimos no sudeste asiático, a cidade de HCM é muito bem organizada e parece-se com uma cidade europeia. Tem grandes arranha-céus todos eles novos, imensos restaurantes modernos, estradas largas e em bom estado, não há a confusão dos tuk-tuk que tentam preços exorbitantes, os táxis que são taxados e melhor, há Uber por isso é muito fácil e barato andar na cidade! No entanto, o transito é.. nem sei como descreve-lo... mas muito caótico. Milhares de motas na cidade, quase impossível atravessar as passadeiras e se pensas que no passeio estás safo, enganas-te, elas (as motas) andam no passeio como se fosse a estrada. É um grande desafio passear nesta cidade.
(Notre Dame Cathedral)
(Central Post Office)
(Central Post Office)
(Ben Thanh Market)
(Transito na cidade)
É também nesta cidade que está o museu da guerra, War Remnants Museum, museu que relata em fotografias e alguns objectos a história da guerra e especialmente os seus efeitos, tendo o agente laranja (químico usado pelos americanos durante a guerra) direito a uma sala inteira para contar as suas terríveis consequências não só durante a guerra mas também anos após. Não é de todo uma visita fácil. Em cada fotografia que se olha ou história que se leia dá um grande aperto no coração que é impossível não sentir nem que seja uma pequena dor do que se passou nesses tempos. Sais de lá com uma vergonha alheia com uma revolta interior inexplicável e com imensas perguntas sem resposta a tentar perceber o porquê dessas guerras estúpidas que já houve e continuam a haver pelo mundo onde milhares de inocentes morrem por causa da ganância de alguns. Não é fácil especialmente quando já 40 anos após a guerra ainda vês nas ruas pessoas com deficiências causadas pelo maldito agente laranja e muitos deles da nossa idade ou quando ouves histórias em primeira pessoa de alguém que ficou afectado pela guerra.
(War Remnants Museum)
(War Remnants Museum)
(War Remnants Museum)
A cerca de 50 km da cidade está a vila Cu Chi conhecida pelos túneis de Cu Chi. Na altura da guerra os habitantes dessa vila construíram debaixo da terra imensos túneis para se protegeram contra o bombardeamento americano. Os túneis são de uma engenhoca rara. Eram compridos e davam para a aldeia toda fazer a sua vida lá dentro. Tinham lá cozinhas com mecanismos artesanais para espalhar o fumo para fora e ventilar os túneis, tinham salas de aulas para as crianças, faziam electricidade com a ajuda de uma bicicleta apenas e até tinham lá dentro um tanque americano que tinha sido abandonado e que servia de bunker para se protegerem em casos mais críticos. Os túneis eram muito estreitos que só dava para o povo vietnamita entrar uma vez que os americanos por norma são duas vezes maiores. E as entradas eram muito camufladas. Pode-se passar por perto, até pisar em cima e não se dar conta que é uma entrada para os túneis. Uma visita muito interessante e enriquecedora sem dúvida.
(Entrada nos túneis de Cu Chi)
Visitar a cidade de Ho Chi Minh marcou-nós por dois motivos. Por termos conhecido de perto a versão vietnamita da guerra que nós desconhecíamos, por ignorância, por falta de informação ou porque simplesmente temos outra perspectiva da guerra, a perspectiva americana.
O segundo motivo pelo qual ficámos sem dúvida marcados é a hospitalidade com que fomos recebidos e como passámos essa semana com a Lareina e o Ricardo e a Hellen e o Eduardo que nos fizeram sentir em família e como se fossemos amigos de longa data! Sem dúvida ganhamos 4 amigos dos quais já sentimos falta! Muito, muito obrigada e esperemos vê-los em breve!
Sem comentários:
Enviar um comentário