sábado, 21 de maio de 2016

O norte do Vietnam

O norte do Vietname é simplesmente magnifico! As paisagens montanhosas com os seus campos de arroz esculpidos nas encostas das montanhas são de deixar qualquer um estupefacto com tanta beleza. Adicionalmente, diversas minorias étnicas cada uma com a suas particularidades habitam esta região fazendo-te assim sentir parte de uma reportagem da National Geographic. O que se pode querer mais?!

Os 3 destinos mais visitados no norte do país são Sapa (conhecida pelos campos de arroz e sobretudo pela variedade de minorias étnicas), Ha Long Bay (quem não conhece este pequeno paraíso conhecido pelas aguas esmeralda e pelas ilhotas de calcário cobertas pelas florestas tropicais que se elevam das águas) e Ninh Binh (do mesmo estilo do Ha Long Bay mas em terra). É difícil escolher qual é que gostámos mais e passo a explicar porquê. 

Sapa 

É uma fusão entre paisagem e cultura, sendo sobretudo famosa pelos seus campos de arroz que realmente são de cortar a respiração. Na altura em que fomos (março), o arroz tinha sido colhido nessa zona mas a paisagem continuava deslumbrante, agora imaginem como será quando se tem o arroz a crescer. 



É também a região do Vietname onde mais minorias étnicas vivem (cerca de 25). Para podermos explorar a região e conhecer essas etnias, existem diversas agências que vendem trekking de 1, 2 ou 3 dias que incluem guia, alimentação e passar a noite na casa duma família duma das minorias. Fizemos o trekking de 2 dias (20km, nada difícil) e foi uma experiência inesquecível. Passeámos pelos campos de arroz por entre as montanhas, vimos paisagens de cortar a respiração, dormimos em casa duma família da etnia chamada Red Dao onde tivemos direito a jantar típico e delicioso preparado pelos donos da casa, experimentámos o rice wine (bebida caseira por cá chamada de happy water), tomámos um relaxante banho de ervas aromáticas e relaxámos ao ouvir o silêncio das montanhas à noite. Mais do que ver os campos de arroz, este tour foi para conhecer a cultura destas etnias. Passámos por várias aldeias e em cada uma vivia uma etnia diferente sobre as quais, com muito gosto, o nosso guia da etnia Black Mong contava-nos sobre os respectivos hábitos. 



Quem tiver disponibilidade recomendamos a visita ao mercado de Bac Há que acontece todos os domingos onde se juntam todas as etnias à volta para fazer as suas compras. Pode ser uma visita complicada uma vez que vê-se à venda de tudo, búfalos, cobras, ratazanas e pior.. cachorros pois eles cá comem cão :( mas a parte interessante é ver as diversas etnias e conseguir distingui-las pelas suas roupas.


Há Long Bay 

Significa literalmente "onde o dragão entra no oceano", é património mundial da UNESCO e é sem dúvida uma visita a não perder no norte do Vietname. A melhor forma de lá ir é marcar com uma agência de viagens directamente em Hanoi o que não será difícil já que há milhões de agências espalhadas pela cidade. Existem tours de 1, 2 e 3 dias e o melhor é escolher um em que se dorme no barco pois a paisagem é tão linda que é impossível ficar lá apenas um dia. Os tours incluem o transfer do hotel até ao porto de Ha Long Bay (e de volta à Hanoi). Uma vez no porto de Ha Long Bay é feito o transfer para o barco onde se vai passar a noite com refeições incluídas e segue-se para aventura. O passeio de barco é lindo, se tiver sorte de apanhar sol, melhor ainda pois Ha Long Bay tem um micro clima, e é preciso muita sorte apanhar um dia de sol. O barco vai andando devagar por entre as montanhas e cada ângulo forma uma paisagem diferente, uma mais linda que a outra. Impossível não tirar muitas fotos. O barco para algures no meio das montanhas para passarmos a noite. Antes do jantar, mudámos para um outro barco pequeno e visitámos uma gruta numa ilha ao lado e ao por do sol (que não o vimos porque estava nublado) tivemos o prazer de fazer kayaking no meio dessa linda paisagem. Dormir no barco e em Ha Long Bay foi algo inesquecível apesar do frio que se fazia sentir. No dia seguinte continuámos o nosso passeio por entre as montanhas e depois voltámos a Hanoi felizes por termos visto essa maravilha e tristes por não ficarmos mais tempo. 




Ninh Binh

O terceiro destino no norte de Vietname é algo parecido a Ha Long Bay mas em terra. É uma zona montanhosa com campos de arroz onde o passeio consiste em ir num barco pequeno pelo rio que passa por entre as montanhas, campos de arroz e grutas. Muito lindo também e é fácil ir a partir de Hanoi apanhando o comboio ou ir por agência turística sendo possível fazer num dia. 



Hanoi

Hanoi, capital do Vietname e ponto de ligação para estes 3 destinos, é uma cidade que se odeia ou se ama. Conhecemos pessoas que disseram que para eles Hanoi é a cidade mais linda no Sudeste asiático (whaaaat??). Nós discordamos mas cada um tem a sua opinião. É verdade que tem um certo charme (ratos de tamanho de gatos e baratas), há uma zona que é tipo o bairro alto de Lisboa, existem bares e restaurantes em todo lado, várias bandas a tocar na rua, a comida de rua é óptima, o passeio à volta do lago situado directamente no meio da cidade é muito bonito também. No entanto é a cidade mais confusa de sempre. É super desorganizada com trânsito caótico, milhares de motas para todo o lado (ok, a cidade de Ho Chi Minh também era mas tinha mais organização) e suja. Passear pela cidade é um stress. Queres andar no passeio? Não podes porque está cheio de mesas e bancos baixinhos (como se fossem da primária) e as pessoas jantam aí, ou então cheio de motas estacionadas. Queres tentar andar na estrada? É perigoso porque as motas andam para todo lado e em sentido contrário se for preciso. Queres atravessar a passadeira? Não é fácil pois ninguém para nas passadeiras e quando digo ninguém é mesmo NINGUÉM. É fechar os olhos, rezar e andar à espera que as motas se desviem. E uma vez iniciada a travessia da estrada nunca parar no meio da passadeira pois aí é que podes ser atropelado (lol). É andar a ritmo constante pois elas (as motas) vão se desviar, eles sabem o que fazem, já andam por cá há mais tempo. 

A cidade gira a volta do negócio, existem lojas e lojinhas, agências de viagens, street food,... em cada metro quadrado. A maioria das guesthouses ou hostels também fazem de agência de viagem e vendem tours para todo o lado. Entras e antes de fazeres o check in já te estão a perguntar para onde vais a seguir tentando vender tours, nem te deixam respirar! Passei a mentir (eu sei que é feio, desculpa mãe não foi isso que me ensinaste mas ajudou) dizendo que era a minha 2ª vez em Hanoi e que já visitei tudo à volta. Tive mais sossego mas depois passaram-me a perguntar "porque é que estás cá de volta, por norma ninguém quer voltar" (POIS). A cidade é tão virada para o negocio que até chateia e cansa. Às vezes pensava que se me vissem ferida na rua a primeira coisa que iam fazer seria tentar vender-me alguma coisa ou algum tour em vez de ajudar. Ok, estou a exagerar mas penso que se tivesse ficado mais um dia ou dois nesta cidade, passaria a odiá-la sem dúvida, por isso acho que sai no momento certo. 

Tirando isso e longe de Hanoi, o interior do Vietname é lindo, com paisagens deslumbrantes, comida deliciosa especialmente o Phó (uma sopa típica), pessoas muito simpáticas sempre prontas para ajudar e dar indicações, muitas etnias com culturas diferentes. 


domingo, 8 de maio de 2016

Hoi An, a cidade amarela

Hoi An, a cidade amarela, situa-se perto de Danang, na parte central do Vietname, não muito longe da praia. Segundo a lenda, antigamente apenas as pessoa abastadas podiam pintar as suas casas de amarelo sendo essa a cor da realeza. Tendo sido Hoi An uma cidade próspera ao longo da sua história devido ao seu comércio, isso proporcionou que imensas pessoas pudessem pintar as suas casas de amarelo como sinal de posse (lenda contada por um habitante). Daí a cidade ter casas maioritariamente amarelas, o que lhe dá um certo glamour sendo uma cidade completamente diferente das restantes cidades asiáticas. 





Existem duas formas para ir de Ho Chi Minh para Hoi An,  de bus (20 horas) ou de avião (1 hora) com o mesmo preço... Obviamente escolhemos a segunda opção já que apanhar voos nacionais no Vietname é muito barato. 

A cidade de Hoi An é o sítio perfeito para fazer roupa à medida. Em qualquer esquina há alfaiates que fazem roupa à medida em menos de um dia. Mas Hoi An não é só roupa, é igualmente a cidade das lanternas! À noite a cidade transforma-se num num espectáculo de luzes com imensas lanternas coloridas por toda a cidade e muitas barraquinhas que as vendem, tornando-se assim num ambiente muito romântico e destino de fotos de casamento de vários casais. 




Alugando uma bicicleta ou uma mota consegue-se fazer um passeio muito agradável à volta da cidade, passear pelos campos de arroz e ver o nascer do sol. Para relaxar, não muito longe do centro está a praia (20 min de bicicleta) e no final da tarde, pode-se parar na vila pescatória para fazer um passeio de barco ou simplesmente observar os pescadores a descer as redes para dentro de água (maneira muito artesanal e típica de pesca) enquanto se aprecia o lindo por do sol.



A visita à cidade é recomendável que seja feita de manhã cedo, ainda não há muitos turistas na rua e consegue-se ver os locais nos seus afazeres e tirar umas belas fotos da cidade quase vazia. Existem vários museus, templos e casas típicas que podem ser visitadas. 


Numa bela manhã tomámos café com um grande fotógrafo francês, Réhahn, do qual já conhecíamos o seu trabalho antes da nossa viagem. Ele mudou-se para Hoi An após uma viagem que o deixou completamente apaixonado pela cidade. Desde então tem fotografado as caras de Vietname tendo feito um grande sucesso. Uma das fotos mais famosas dele é o "hidden smile" tirada a uma senhora que vive em Hoi An e que se tornou a mulher mais famosa do Vietname graças a essa foto que serve também de capa para um dos livros dele. No meio da conversa com o Réhahn, subitamente diz-nos "estão a ver aquela senhora aí no barco à espera de clientes para fazer passeios? É a senhora da capa do meu livro". Foi uma conversa muito interessante com este fotógrafo de renome pois para cada foto dele, tinha uma história por trás, não eram apenas fotografias. Ele contou-nos várias histórias sobre Hoi An e especialmente sobre as pessoas de Hoi An que nos deixou completamente apaixonados por esta cidade. Conseguimos perceber o porquê de ele se mudar para lá. 

Depois de nos despedirmos de Hoi An, a próxima paragem foi a cidade de Hué onde apanhamos pela primeira vez chuva no sudeste asiático. A cidade apenas tem uma cidadela (a cidade proibida) para visitar e alguns templos à volta. Depois de visitar Hué, seguimos para o norte do Vietname para visitarmos aquilo que a maior parte dos turistas no Vietname visitam, a linda Halong Bay.


terça-feira, 3 de maio de 2016

Ho Chi Minh, a antiga Saigon


A nossa estadia no sul do Vietname foi completamente diferente do que estávamos habituados nesta nossa viagem. Chegámos à cidade de Ho Chi Minh (HCM) e em vez do habitual ritual de irmos para a zona dos backpackers da cidade e procurar uma guesthouse barata muitas vezes em condições duvidosas, tínhamos a nossa espera o Ricardo (expat português que trabalha em HCM) e a sua linda esposa, a Lareina, natural das Filipinas país que vamos visitar em breve. A recepção não podia ter sido melhor. Deixaram-nos entrar na casa deles e invadir o seu espaço como se fossemos da família e partilharam connosco histórias sobre como é viver no Vietname e também sobre as Filipinas. Não os conhecíamos antes, ele é irmão do amigo do Tiago e sabendo da nossa aventura convidaram-nos para ficarmos em sua casa. Obviamente aceitámos e desde o primeiro momento sentimos-nos entre amigos. A casa toda ela lindíssima e numa óptima zona da cidade o que para nós, tudo era mais do que luxo tendo em conta ao que já estávamos habituados. Ficaremos gratos para sempre a este lindo casal ;)

Conhecemos também o casal amigo deles, a Hellen e o Eduardo, ambos brasileiros e muito simpáticos. Convidaram-nos para o almoço/jantar brasileiro em casa deles o que foi para além de delicioso, ainda continuo a sonhar com isso! Houve de tudo que uma boa mesa brasileira possa ter, feijoada, farofa, tapioca, pão de queijo (aiii o pão de queijo) e até paçoquita! Comemos até rebolar porque estava tudo muito saboroso. No meio de muitas conversas e risadas passamos um belo dia juntos.


A cidade de Ho Chi Minh é a antiga Saigon e muitas pessoas ainda a chamam de Saigon. Mudou o seu nome após a guerra americana (por nos conhecida como guerra do Vietname) quando o líder dos revolucionários comunistas (os Viet Cong), o Sr. Ho Chi Minh, ganhou a guerra tornando-se o primeiro presidente do Vietname. Como troféu por ter conquistado o sul que na maioria estavam contra ele, alterou o nome de Saigon para Cidade de Ho Chi Minh. 

(estátua do Ho Chi Minh)

Ao contrário do que vimos no sudeste asiático, a cidade de HCM é muito bem organizada e parece-se com uma cidade europeia. Tem grandes arranha-céus todos eles novos, imensos restaurantes modernos, estradas largas e em bom estado, não há a confusão dos tuk-tuk que tentam preços exorbitantes, os táxis que são taxados e melhor, há Uber por isso é muito fácil e barato andar na cidade! No entanto, o transito é.. nem sei como descreve-lo... mas muito caótico. Milhares de motas na cidade, quase impossível atravessar as passadeiras e se pensas que no passeio estás safo, enganas-te, elas (as motas) andam no passeio como se fosse a estrada. É um grande desafio passear nesta cidade. 

 (Notre Dame Cathedral)
(Central Post Office)
(Central Post Office)
 (Ben Thanh Market)
 (Transito na cidade)

É também nesta cidade que está o museu da guerra, War Remnants Museum, museu que relata em fotografias e alguns objectos a história da guerra e especialmente os seus efeitos, tendo o agente laranja (químico usado pelos americanos durante a guerra) direito a uma sala inteira para contar as suas terríveis consequências não só durante a guerra mas também anos após. Não é de todo uma visita fácil. Em cada fotografia que se olha ou história que se leia dá um grande aperto no coração que é impossível não sentir nem que seja uma pequena dor do que se passou nesses tempos. Sais de lá com uma vergonha alheia com uma revolta interior inexplicável e com imensas perguntas sem resposta a tentar perceber o porquê dessas guerras estúpidas que já houve e continuam a haver pelo mundo onde milhares de inocentes morrem por causa da ganância de alguns. Não é fácil especialmente quando já 40 anos após a guerra ainda vês nas ruas pessoas com deficiências causadas pelo maldito agente laranja e muitos deles da nossa idade ou quando ouves histórias em primeira pessoa de alguém que ficou afectado pela guerra. 

(War Remnants Museum)
 (War Remnants Museum)
(War Remnants Museum)

A cerca de 50 km da cidade está a vila Cu Chi conhecida pelos túneis de Cu Chi. Na altura da guerra os habitantes dessa vila construíram debaixo da terra imensos túneis para se protegeram contra o bombardeamento americano. Os túneis são de uma engenhoca rara. Eram compridos e davam para a aldeia toda fazer a sua vida lá dentro. Tinham lá cozinhas com mecanismos artesanais para espalhar o fumo para fora e ventilar os túneis, tinham salas de aulas para as crianças, faziam electricidade com a ajuda de uma bicicleta apenas e até tinham lá dentro um tanque americano que tinha sido abandonado e que servia de bunker para se protegerem em casos mais críticos. Os túneis eram muito estreitos que só dava para o povo vietnamita entrar uma vez que os americanos por norma são duas vezes maiores. E as entradas eram muito camufladas. Pode-se passar por perto, até pisar em cima e não se dar conta que é uma entrada para os túneis. Uma visita muito interessante e enriquecedora sem dúvida. 

(Entrada nos túneis de Cu Chi)

Para fugir um pouco à história e efeitos da guerra, visitámos a delta do Mekong (a cerca de 70 km da cidade), sítio onde o grande rio Mekong que atravessa 6 países (Tibete, Myanmar, Laos, Tailândia, Cambodia e Vietnam) desagua no mar.

                                                                                                (Passeio no Mekong)
(Passeio no Mekong)

Visitar a cidade de Ho Chi Minh marcou-nós por dois motivos. Por termos conhecido de perto a versão vietnamita da guerra que nós desconhecíamos, por ignorância, por falta de informação ou porque simplesmente temos outra perspectiva da guerra, a perspectiva americana. 

O segundo motivo pelo qual ficámos sem dúvida marcados é a hospitalidade com que fomos recebidos e como passámos essa semana com a Lareina e o Ricardo e a Hellen e o Eduardo que nos fizeram sentir em família e como se fossemos amigos de longa data! Sem dúvida ganhamos 4 amigos dos quais já sentimos falta! Muito, muito obrigada e esperemos vê-los em breve!