sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Trekking para Inle Lake em Myanmar

A experiência que mais nos marcou em Myanmar foi sem dúvida a caminhada de 3 dias (60 km) pelas montanhas e aldeias, com um guia incansável em nos contar tudo sobre o seu pais e a responder a todas as dúvidas que foram surgindo. Além disso, a boa disposição e à vontade do grupo de viajantes fez com que que se tornaram rapidamente em grandes amigos.

Depois de Hsipaw, o nosso próximo lugar a visitar era Inle Lake, destino muito procurado pelos turistas por ser uma vila construída sobre um lago e tínhamos conhecimento da possibilidade de fazer um trekking de 3 dias (60 km) desde Kalaw até Inle Lake. Só lemos bons comentários relativamente a esta experiência por isso decidimos abraçar esta aventura e apanhámos mais um night bus para Kalaw onde, após um dia de descanso, iniciámos o nosso trekking com a companhia Eversmile que muito recomendamos. O grupo era composto por 5 alemães, uma francesa, um britânico, dois portugueses (nós) e o nosso guia, o Momo. O grupo era espectacular  e desde o primeiro dia se criou um bom ambiente entre todos. 

Primeiro dia caminhámos uns 20 km a subir e descer montanhas, atravessar riachos e parámos para almoçar no topo de uma montanha que tinha uma vista espectacular. 




Depois do almoço já estava na hora de continuar. Desta vez passámos por aldeias onde pudemos ver o dia-a-dia dos locais e foi onde encontrámos um grupo de crianças que nunca vamos esquecer. Estavam a brincar na rua e quando nos viram ficaram muito mas muito felizes e pediram (por gestos, pois não falavam inglês) para lhes tirarmos fotos. Só queriam pousar para as fotos e tirar selfies. Quando lhes emprestámos a câmara fotográfica para serem eles a tirar fotos ninguém os podia parar de tanta felicidade que tinham. Estávamos perante futuros fotógrafos e modelos sem dúvida. Houve troca de abraços e sorrisos como se nos conhecêssemos há muito tempo e foi uma grande lição para nós, ocidentais materialistas, ver como se pode fazer alguém feliz com tão pouco. 


Apesar de toda gente querer ficar com estas crianças o dia todo a caminhada lá continuou e, pouco antes do pôr do sol, chegámos finalmente à casa duma família onde íamos pernoitar. Íamos dormir todos juntos numa sala grande com apenas uns colchões fininhos no chão e o sítio para tomar banho era no exterior, um tanque de água fria com um balde. Tivemos um delicioso jantar típico birmanês e escusado será dizer que logo a seguir ao jantar foi tudo dormir, ninguém aguentava ficar na conversa de tão cansados que estávamos.


O segundo dia começou muito cedo. Logo a seguir ao pequeno almoço iniciámos a nossa caminhada. Durante o dia apanhámos mais sol que no dia anterior, o que dificultou a caminhada. mas pelo caminho tivemos direito a visitar uma cascata onde deu para nadar e refrescar. Uma boa parte da caminhada foi feita numa linha férrea onde o comboio só passava uma vez por dia e nesse dia já tinha passado e ainda bem pois era o único caminho. Passámos por varias aldeias de etnias diferentes e também parámos para ver o negócio tradicional de confecção de roupa.



Já de noite, chegámos à segunda casa familiar onde íamos pernoitar. Tivemos um jantar divertidíssimo. Para além da comida ser deliciosa, estivemos a cantar e até a aprender uma musica birmanesa. A noite estava a ser excelente até ao momento que vimos na parede uma grande aranha de uns 15 cm de diâmetro, foi o pânico entre os aracnofóbicos. O  problema não foi só essa arranha, pois a ela conseguimos manda-la embora, o grande problema era que as paredes da casa eram de palha com grandes buracos e havia também um intervalo de uns 30 cm à volta da casa entre a parede e o telhado. Dito isto, chegou-se à conclusão que podia entrar toda a espécie de bicharada e mais alguma como essa aranha e quem sabe maiores. De novo dormimos todos na mesma sala no chão, ou melhor, tentámos dormir porque não foi uma noite fácil.



Terceiro dia, talvez o mais difícil de todos. Tomámos o pequeno almoço e seguimos. Desta vez o caminho era mais pelos campos sem árvores à volta e estava um calor insuportável logo pela manhã. Foi um dia de mais uns 20 km mas com o calor a apertar pareceu muito mais. Pelo caminho ainda arranjámos um membro novo, um cão abandonado que nos acompanhou metade desse dia, parecia que nos conhecia há anos. Após o almoço, o caminho que se seguia era de barco pois tínhamos de atravessar o lago Inle. Foi aí que com grande tristeza nos despedimos do Momo, o nosso guia, após os 3 dias juntos repletos de gargalhadas e conversas sem fim.


Seguimos de barco até à vila Nyaung Shwe onde íamos ficar alojados, vila mesmo ao lado do Inle Lake. Como íamos ficar lá todos ainda durante uns dias para recuperar do trekking, passámos os dias seguintes juntos com jantares, passeios de bicicletas pela vila e visita a uma quinta de vinhos onde conseguimos admirar um lindo por do sol. 



Uma outra atividade que fizemos durante a nossa estadia foi um passeio de barco pela vila flutuante. O passeio é algo espetacular. O barco passa por entre as casas totalmente em cima da água, consegue-se ver as pessoas nos seus afazeres do dia-à-dia em cima da água com a maior naturalidade. O trabalho todo é feito com barcos, têm plantações de legumes, as crianças brincam na água, pessoas pescam perto das casas, toda uma realidade ao que não estamos habituados. 







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